sábado, 26 de abril de 2014

Matar para comer, comer para viver



Antes que continuem, alerto que as imagens abaixo são bastantes explícitas e que o conteúdo pode não se adequar a todas as idades.



Gostava que observassem a seguinte sequência de imagens e que formulassem uma opinião sobre o que vêm antes de ler.


Bastante gráfico, não? “Cobardes!”, “Imbecis!”, “Idiotas!”, “Indivíduos sem coração”, “Retardados”, estas e outras ofensas, inclusivamente culturais, são possíveis de se ler em vários vídeos do mesmo género.
É verdade que ao observar vídeos e imagens deste feitio somos remetidos a sentir pena e um certo estado de comiseração pelo animal; e inclusivamente podemos achar algo repugnante a atitude destes indivíduos. Mas sejamos realistas.
O que é que tu comes? Se fores vegetariano, respeito-te. Mas se comes carne, tal como eu como, tens que começar a ter uma mente aberta.
A matança de um animal tem sempre um propósito: Obter um produto, nomeadamente a carne. O ser humano é um ser omnívoro e necessita comer vegetais e carne para a sua subsistência vital. Mas há algo que separa o ser vivo do produto. Muitas pessoas são remontadas a olhar para um pedaço de carne e não associá-lo ao animal que foi morto. Sou sincero, até eu, por vezes prefiro comer a carne sem saber que animal é ou que parte do corpo provém. Dá-nos uma espécie de “falsa segurança”. Mas a verdade é que é importante saber de onde vem a nossa carne e como é que se obtém. Comer faz parte da vida e não se come sem se matar. Sejam animais sejam plantas. Todos têm vida. Todos são vida. Por isso se comer faz parte da vida, a própria matança também deve fazer. Não estou a dizer que todos nós temos que saber matar animais, ou temos que ser obrigados a assistir uma matança completa de um animal, o que estou a dizer é que os comentários que citei ali em cima são idênticos aos que um miúdo pouco informado faria sobre o leite vir da fábrica e não da vaca.
Parece que o que comemos é um produto sintético; parece que queremos afastar a ideia de que o que comemos já foi um ser vivo. Não queremos associar a ideia de morte à alimentação. Até os alimentos já vêm processados de modo a fugir ao aspeto e sabor natural do animal. Mas essa conceção é errada e deve ser reformulada. Se o conceito de morte natural deve ser ensinado, também o conceito de morte para alimentação deve ser singelamente explanado, de uma forma mais terra-a-terra.

Eu sou totalmente contra os maus tratos contra os animais, no sentido em que eu acho que a matança deve envolver alguns aspetos:
- o animal deve ter uma morte rápida
- o animal não pode ser sujeito a stress durante a sua criação.
- o animal não deve estar no “corredor da morte” sabendo que vai morrer. Deve ter uma morte pouco stressante e quase que inesperada. Salvo seja as condições.
- o individuo que vai executar a matança deve ter uma boa noção de anatomia do animal e ter noção dos métodos mais rápidos e fáceis para matar o animal.


 “Áh! ‘Tá, André, isso é muito bonito, mas o que é que isso tem a ver com comer carne de camelo? Eu não vejo carne de camelo à venda! O que aquelas pessoas fizeram é inumano.”


Será que é mesmo inumano? Analisemos bem a situação. Nas imagens é possível ver um individuo vestido de branco a apalpar o pescoço do dromedário para tentar encontrar o vaso sanguíneo que será cortado para impedir o fluxo sanguíneo quase que instantaneamente. A carótida, a jugular e outros vasos do pescoço são importantes para levar o fluído circulante à cabeça. Quando cortados, o animal morre em breves instantes. Portanto, a morte é rápida e as pessoas sabem o que estão a fazer. Nos matadouros de vacas e outros animais também é assim que fazem. Por vezes até injetam a alta velocidade um projétil na cabeça do animal para imobilizá-lo. No entanto basta irem ver no Youtube que as condições de vida de uma boa parte não são adequadas, os animais vivem confinados em espaços muito pequenos e híper-habitados sem acesso a espaços verdes ou ar fresco. Muitas vezes se matam leitões ou coelhos segurando pelas patas e batendo contra o chão, podendo ficar conscientes. Queimam os dorsos dos animais com ferros quentes para marcá-los e chamuscam o pelo dos animais em grandes fornos ainda antes de os matarem por breves segundos. Além destas outras atrocidades são cometidas. Isso sim é inumano. Tratar mal os animais é algo que deve ser impedido, mas matar os animais é algo que é necessário. Apesar das plantas nos fornecerem uma enorme quantidade de nutrientes essenciais, estes podem não ser suficientes face aos nutrientes de origem animal.
Além disso, nós comemos vacas, porcos, galinhas, perus, ovelhas, cabras e afins porque são os animais que têm maior exploração. Nalguns países a exploração destes animais é quase impossível ou cara de mais. De certo modo há quem coma animais típicos da região. No sudeste asiático comem insetos e morcegos. Que nojo? Para nós pode ser, mas é a sua cultura, e ainda mais importante, é o que a sua região lhes fornece. Além disso sabe-se que os insetos são nutritivos e do ponto de vista económico e social bastante rentáveis; e isto de proporções tão exuberantes que podem até acabar com a fome em muitos países se uma boa estratégia for delineada. Mas não nos desviemos do assunto.
Acrescento ainda que muitas vezes se mata animais devido à respetiva tradição. Se os indivíduos das fotografias estão a matar para celebrar uma tradição, pelo menos estão a fazer rapidamente, mas uma coisa digo! Que estejam a matar o animal para comê-lo e não para desaproveitar a sua carne. De igual modo falo para os que gostam de criticar aquelas imagens e ao mesmo tempo jogam comida para o lixo porque tem côdeas, porque tem muita gordura à volta, porque são peitos de frango (e não pernas ou asas!, [que vergonha -.-“]), porque tem uma cor diferente, tem uma textura diferente, porque a empresa não deixa aproveitar os restos!
Os animais matam para comer e curiosamente até os herbívoros podem ter necessidades carnívoras, como é caso da osteofagia em que certos animais comem ossos de outros animais que encontram na natureza devido à insuficiência de Fósforo no solo e respetiva forragem que lá cresce (não estou com isto a querer começar guerras pois eu respeito e até aprovo o vegetarianismo).

Agora uma coisa que não aprovo és tu, que adoras hambúrguer, salsishas, douradinhos de peixe, um churrasco de sardinhas, um churrasco de vitela, borrego ou porco e achas que as imagens acima são descabidas e absurdas e que as pessoas que estão a fazer aquilo são cobardes e desumanas! Já pensaste de onde vem o que tu comes? Como é que as pessoas obtiveram aquilo que tu estás a comer? Se todas as pessoas que atuam conforme aqueles indivíduos estão a agir parassem durante um mês neste mundo, te juro, nem pão com fiambre comias, pois não havia reservas de carne para fazê-lo!
Já dizia o Homer Simpson: “Com que então gostas de salsishas mas não gostas de saber como são feitas?”
Não sejas contra a morte animal! Sê contra a crueldade e insanidade para com os animais!
Peace out,

André Gabriel

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